O santuário de Fátima, o mais importante lugar de culto católico em Portugal, e quarto lugar de peregrinação do mundo (depois de Guadalupe no México, o Vaticano e Lourdes), inaugurou em 2007 a sua nova igreja.
A Igreja da Santíssima Trindade, a qual eu chamo de “camembert”, já que as semelhanças com este queijo francês são flagrantes, é uma igreja cilíndrica, branca e baixa. Ela possui 8000 lugares sentados!
A igreja tem um belo iconóstase de estilo bizantino, que é o ponto central e único de toda a decoração de este edifício moderno… demasiado moderno ainda para poder apresentar as obras de arte que outros lugares religiosos demoraram por vezes vários séculos a obter.
A luz ambiente da igreja não agride: não são lâmpadas fluorescentes vulgares, nunca se vê uma única lâmpada acesa. Tudo é feito com luz natural!
Pessoalmente, tenho sentimentos contrários em relação a esta igreja. Em muitos aspectos, ela é muito feia, mas também muito bela. Seria fantástica se fosse um centro de congressos, mas feia para ser um lugar que deveria estar cheio de emoção como o pode ser uma igreja…
Para além da porta principal, habitualmente fechada, a Porta de Cristo, a Santíssima Trindade tem 12 portas, uma por discípulo. Em cada porta, uma citação da Bíblia. O lugar de culto possui muitas citações deste tipo, disseminadas um pouco por toda à parte.
Neste plano de água por exemplo, podemos ler “fontes bendizei o Senhor”. Em ponto menor, podemos ler uma pequena frase que diz para não se lançar moedas na água. Dá para ver que os visitantes não seguem lá muito bem o conselho… a fonte está cheia de moedas!
As proporções da igreja são monumentais, mas, para aqueles que estão acostumados a grandes centros comerciais por exemplo, não é muito mais impressionante. Pode-se dizer que o que fica mesmo na memória, é a organização dos espaços: é grande, é calmo, ideal para se recolher, logo que as velhinhas deixam de falar em voz alta.
A paisagem à volta não foi cortada, respeitaram uma altura máxima a não ultrapassar: não é necessário arranhar os céus par ser imponente!
O que é certo, é que a Igreja foi muito bem concebida ao nível da engenharia: fantásticos acessos, muito boa sonoridade, bonita luz ambiente e belos espaços. Tudo para bem ouvir a missa, que seja no interior, ou, como acontece tantas vezes num santuário lugar de peregrinação, em exterior.
Na foto acima, podemos observar esses “quebra-sol”, que permitem fazer sombra às pessoas que esperam. Para além de serem estéticos, ainda são um piscar de olhos às redes dos pescadores. Muito bem feito.
Na entrada, a estátua do papa João Paulo II dá-nos as boas vindas. Este papa tinha uma devoção particular em relação a Fátima. A tentativa de assassinato que teve lugar contra a sua pessoa no dia 13 de Maio de 1981 na praça de São Pedro correspondia ao aniversário da aparição da Virgem Maria aos três pastorinhos.
O Papa atribuiu o facto de não ter morrido naquele dia à intervenção divina da virgem de Fátima. João Paulo II veio por três vezes a Fátima (eu estava lá durante a segunda visita, nunca mais me esqueço do que faz estar com meio milhão de pessoas no mesmo lugar…).
Acho engraçado ver as pessoas que tiram uma foto com a estátua do Papa, parece que é o lugar cimeiro da nova igreja. Existem outras estátuas, à volta da igreja, de personalidades eclesiásticas de primeira importância para Fátima.
Não foi só uma nova igreja que foi construída em Fátima. No subsolo, que se pode entrever de cima quando se olha para as fontes instaladas em baixo, existem várias capelas e outros sítios muito práticos… mas estranhos.
A igreja, muito bem concebida, contrasta com este lugar, demasiado barulhento, sem intimidade, com um azulejo feio tal como se pode encontrar em casas de banho publicas. Deixo-vos descobrir por vocês próprios.
Existem duas entradas deste tipo para aceder às capelas. A outra entrada, quase idêntica e com linhas tão puras, é estragada com caixotes de lixo horríveis. Podemos perguntar-nos: o arquitecto, que tinha feito tudo bem, não pensou nesse pormenor, que têm porém uma importância capital? Pena.
O subsolo está assim organizado em volta de um corredor. Existem painéis um pouco por todo o lado que lembrem que não se pode fazer barulho mas… é barulhento. Como é um corredor, o som faz muito eco, e não se deslumbre uma solução fácil.
Para cada porta na esquerda da fotografia do corredor existe uma capela. Estas capelas servem de lugares alternativos para rezar ou para confessionário: Fátima é muito conhecida pelos seus confessionários. Se tiver alguma coisa para perdoar, é boa altura para lá ir, parece que o serviço é rápido…
Para guardar a pureza das linhas, os arquitectos encontraram a solução: integrar as ofertas directamente na parede. Uma pequena inscrição nos azulejos e hupa, já está! Mais outra muito boa ideia! Os desenhos que podemos ver nas paredes são como tudo o resto: simples e ligeiros. Porque não, mas por minha parte, deu-me um pouco aquela impressão que foi desenhado à pressa, acho que se podia fazer simples sem perder-se em elegância.
Artisticamente, azulejo branco é sempre complicado de qualquer forma. De certeza que os arquitectos não queriam ter este aspecto de casas de banho publicas! E já que falamos em casas de banho…
As casas de banho de Fátima conforme o resto: modernas e em estilo… enfim as dos homens, não fui verificar as das mulheres…
Na foto seguinte, uma das capelas para rezar. Reparem na pessoa à esquerda. Muita gente chega aqui após ter andado durante dias, para pedir a Deus alguma coisa, ou então para agradecer a Deus alguma coisa. Paga-se a promessa. Por exemplo : “Deus, se me curares, vou a Fátima a pé”.
O santuário possui também grandes salas de exposição. Nestas salas estão muitas vezes expostos os resultados de actividades que foram organizadas pela cidade de Fátima.
Na minha foto, pode ver um concurso de desenho para as crianças de Portugal. As instalações são muito boas, é uma honra ter uma obra exposta aqui.
Por fim, deixo-vos uma foto que será o tema de um próximo artigo: a Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Paris.