Portugal é um país à beira mar - desculpe - à beira do Oceano Atlântico, e, nessa qualidade, têm numerosas praias. Praias de areia fina, praias com ondas, enfim... praias oceânicas.
Vamos dar uma olhadela à praia do Pedrógão e os seus imensos areais? A praia fica a meio caminho de Lisboa e do Porto, relativamente afastada dos grandes eixos rodoviários, ao contrário da Nazaré ou da Figueira da Foz.
O Coimbrão, freguesia a que pertence a praia do Pedrógão está afastada por alguns quilómetros. Fora do Verão, não está aqui ninguém. Talvez seja este afastamento que tivesse protegido até hoje a praia dos excessos do turismo.
Estamos aqui numa praia do centro do país, a meio caminho do Porto e de Lisboa. Ela têm a particularidade de ser na realidade constituída de duas praias diferentes : uma onde ficam as casas, e, após termos atravessado um pequeno caminho cheio de areia, perto de alguns pequenos rochedos, uma outra praia, deserta.
Esta praia é menos invadida pelos veraneantes, porque não está logo em frente da aldeia do Pedrogão, e o seu areal é menos largo.
Os que conhecem as praias oceânicas sabem porquê do areal ser tão grande: as marés. Quanto maior for o areal, quanto mais tempo demorará a maré a chegar até nós, ou, como se pode ver na foto, até ao caixote do lixo!
Esta praia é reconhecida como sendo acessível às pessoas com deficiência. Assim, existe painéis informativos em braille, como podem ver na foto seguinte, algures entre o chuveiro e o painel de analise da qualidade da agua (que é muito boa, a agua é regularmente controlada durante o Verão).
A região de Leiria na qual nos encontramos é ocupada por boa parte pelo Pinhal de Leiria : a floresta está por toda a parte na região, e também é o caso das suas praias. Podemos ver nas fotos a floresta, muito próxima, que foi alias preciso atravessar para vir à praia.
Como em todo o país, a calçada é à portuguesa : autênticas obras de Arte, por vezes.
Existem vários equipamentos para praticar o seu desporto de praia favorito, que seja futebol de praia, voleibol ou qualquer outro desporto onde um pouco de areia chega. Se tivermos vento, vamos ter ondas bonitas para fazer surf ou bodyboard (cuidado ainda assim com a bandeira vermelha…).
A paisagem que vemos hoje é certamente muito diferente da que podiam ver os portugueses três séculos atrás. O terramoto de 1755 destruiu tudo. A aldeia de Parades, que ficava neste lugar, ficou completamente arrasada. Os primeiros moradores do Pedrógão de hoje só aqui chegaram em 1835, quando pessoas do Coimbrão logo ali ao lado começaram a fazer pesca industrial.
Praia turística
A cada ano que passa, cada vez mais turistas vêm ao Pedrógão. Portugal está na moda, e a frieza da água oceânica já não mete medo aos numerosos turistas. A Praia do Pedrógão têm um parque de campismo, e uma área de estacionamento para autocaravanas, chamando a si ainda mais veraneantes.
Os que querem pernoitar aqui procuram por alojamento local, sendo os equipamentos hoteleiros escassos. O turismo é familiar, vêm-se ao Pedrógão para aproveitar da areia e do sol!
Por ser uma praia ainda de estilo familiar, ainda podemos ver como antigamente os pescadores a trabalhar. Não existe na zona centro melhor sítio para comprar peixe fresco!
A tempestade
Todos os anos, é cada vez pior. Fechamos os olhos, mas a mudança climática está mesmo aqui. Relembramos o terrível ano de 2013, com uma tempestade que derrubou tantas e tantas árvores no pinhal de Leiria, e que cortou os grandes cabos das linhas de alta tensão.
Os meus pais que moram a poucos quilómetros tinham ficado sem eletricidade durante uma semana!
Deixo-vos imaginar ao que se pareceu a vida no campo por esta altura, sem o conforto moderno. Mesmo para pessoas que conheceram isto na sua infância, não foi simples de se viver.
Naquele fim de Inverno, foram as costas portuguesas que sofreram, com inúmeros estragos nas infraestruturas turísticas. Não é preciso dramatizar: não é isso que vai impedir os turistas de vir. Os estragos não foram assim tão avultados. Mas num país em crise como Portugal, por a praia outra vez em condições de receber veraneantes custa caro. Muito caro.
Toda a areia que falta na praia ficou na aldeia! Areia pelas ruas, nas casas, invadindo e entupindo tudo…
Olhando para as paredes construídas por cima da areia, achamos que foi milagre não terem sido levadas pelo mar. Até parece que a tempestade parou mesmo em frente dos muros.
O muro frente às instalações da Cáritas, onde tantas crianças vêm passar férias, não teve tanta sorte. Nada que um bom pedreiro não possa reconstruir.
Do lado da rotunda com o barco, aquele que separa a duas praias do Pedrógão, uma constatação: a praia deserta não sofreu. A areia está toda lá. Uma solução para o futuro, que não deve agradar aos surfistas da região: talvez fosse boa ideia construir um dique, para acalmar a força das ondas?
Seria uma boa ideia, até para ter uma bandeira verde mais frequentemente…