Torre dos Clérigos
Torre dos Clérigos

Torre dos Clérigos, o mais conhecido monumento do Porto

Por

Todas as cidades têm o seu monumento mais acarinhado, aquele que representa a essência mesmo das suas gentes. No Porto, é uma torre sineira, a dos Clérigos.

Se pedirmos a um português qual é o ex-libris da cidade do Norte de Portugal, o Porto, ele vai responder sem hesitar: a Torre dos Clérigos. Com 76 metros de altura, é o mais alto edifício da cidade património mundial da UNESCO: quando ela tinha sido construída no século 18, também era o mais alto edifício do país, guardando ainda nos nossos dias o titulo de torre sineira mais alta de Portugal.

No fim da rua dos Clérigos, a Igreja.
No fim da rua dos Clérigos, a Igreja.

Não temos dificuldades em imaginar que seja lá de cima que podemos observar a mais bela vista do Porto. De qualquer forma, esta vista merece-se: mais de 200 graus estão à espera dos corajosos que querem subir ao topo da Torre.

Nicolau Nasoni, arquiteto do Porto

A torre é a obra prima de arquitetura do italiano Nicolau Nasoni. A sua origem italiana explica o estilo marcadamente rococó da Torre, e de muitas outras construções na cidade, onde Nasoni colaborou. Nasoni, italiano, mas portuense de coração, marcou da sua marca barroca numerosos edifícios emblemáticos do norte de Portugal.

Morreu em 1773, já com a venerável idade de 82 anos. O seu corpo repousa hoje na obra da sua vida, a Torre dos Clérigos. A sua sepultura exata não é conhecida. Talvez por debaixo da cripta encontrada aquando das obras de restauro em 2014?

Igreja dos Clérigos

Esta torre de mármore e granito é de facto o campanário da Igreja dos Clérigos, que possui uma fachada de estilo barroco fenomenal e característica do que se fazia de melhor na altura. A primeira pedra da igreja foi pousada a 23 de junho de 1732, encomendada pela confraria religiosa dos Clérigos Pobres.

Fachada da igreja
A fachada da igreja
A igreja, de forma oval, foi abundantemente decorada.
A igreja, de forma oval, foi abundantemente decorada.
De cada lado, um órgão
De cada lado, um órgão
órgão ibérico
Órgão tipicamente ibérico, como o indicam os tubos horizontais por cima do púlpito do rei dos instrumentos.
Bem-vindo ao rococó
Bem-vindo ao rococó
Por cima do órgão, a lua encontra-se com o sol
Por cima do órgão, a lua encontra-se com o sol
Os bancos foram feitos à medida
Os bancos foram feitos à medida
Um anjo
Um anjo
Capelas de Santo André Avelino e de São Bento
CDe cada lado da nava, duas capelas. Aqui, as capelas de Santo André Avelino e de São Bento
São Bento
A igreja, dedicada aos clérigos, têm na sua iconografia grandes figuras do clero
Nossa Senhora das Dores
Nossa Senhora das Dores
Altar do Senhor Morto
Altar do Senhor Morto
Ao centro do teto, o monograma de Maria
Ao centro do teto, o monograma de Maria
De novo, o monograma no topo do altar-mor
De novo, o monograma no topo do altar-mor
Altar-mor dos Clérigos
Altar-mor dos Clérigos
Pinturas murais
Por detrás das estátuas douradas, também encontramos pinturas murais, que o tempo esbatem.

Se pensarmos bem, é curioso que uma instituição de caridade possa gastar tanto dinheiro para uma igreja. Mas estávamos numa época de grande prosperidade económica, com todo o ouro vindo do Brasil.

Os membros da confraria procuravam um terreno há vários anos para construir a “sua” sede. Foi a doação de um terreno que lhes vai permitir iniciar as obras. Mas não era qualquer terreno! Estávamos num lugar relativamente afastado do centro, já fora das muralhas fernandinas.

Francamente, não era o melhor sítio para se construir a igreja de uma confraria dedicada aos pobres. O terreno encontrava-se mesmo ao lado do sítio onde os condenados à morte eram executados, um lugar conhecido como o “Adro dos Enforcados“.

Torre dos Clérigos
Quem pode imaginar hoje o número de pessoas que aqui morreram, condenadas à morte?
A igreja fica num lugar alto da cidade, um pouco afastada do centro de outrora
A igreja fica num lugar alto da cidade, um pouco afastada do centro de outrora
Hoje, no lugar de condenados, encontramos turistas...
Hoje, no lugar de condenados, encontramos turistas…
Rua da Assunção, com os Clérigos à esquerda
Rua da Assunção, com os Clérigos à esquerda

A igreja será aberta ao culto a 28 de julho de 1748, ou seja 16 anos mais tarde, sem porém estar acabada. Será preciso esperar até ao ano de 1779 par que a igreja fica totalmente acabada!

Em 1754, a construção da sede da confraria, a Casa da Irmandade, arranca, ao mesmo tempo do que a torre. Quatro anos depois, as novas instalações estão prontas. Será preciso esperar até 1763 para que a Torre dos Clérigos fique pronta. Hoje, a sede é um museu, que podemos visitar. Ficamos a saber mais sobre as riquezas da confraria.

Fachada principal da confraria
Fachada principal da Casa da Irmandade
A sede fica entre a Torre e a Igreja
A Casa da Irmandade fica entre a Torre e a Igreja
Acho que o anjo perdeu as suas armas
Acho que o anjo perdeu as suas armas
Salão Nobre da Casa da Irmandade
Salão Nobre da Casa da Irmandade
Cofre da Irmandade
Neste cofre, outrora fechado a três chaves, cada uma guardada por uma pessoa diferente, eram guardados os objetos mais preciosos da Irmandade.
Este degrau lembra-nos que os Clérigos também são a última morada de numerosos Irmãos...
Este degrau lembra-nos que os Clérigos também são a última morada de numerosos Irmãos…
A Casa é hoje um museu
A Casa é hoje um museu
Urna do Santíssimo Sacramento, da autoria de Nicolau Nasoni
Urna do Santíssimo Sacramento, da autoria de Nicolau Nasoni
Podemos circular livremente no andar superior, por cima da nave
Podemos circular livremente no andar superior, por cima da nave
A maior parte dos Clérigos está aberta ao público. Podemos assim ver pormenores que dificilmente se poderiam ver, como aqui representações do Sirácida.
A maior parte dos Clérigos está aberta ao público. Podemos assim ver pormenores que dificilmente se poderiam ver, como aqui representações do Sirácida.
Pormenor da talha dourada da igreja
Pormenor da talha dourada da igreja
Podemos passar por detrás da Nossa Senhora da Assunção e a sua coroa imensa
Podemos passar por detrás da Nossa Senhora da Assunção e a sua coroa imensa
Cada porta, cada janela foi decorada
Cada porta, cada janela foi decorada
Janela da igreja
Janela da igreja

Duas torres no lugar de uma

O projeto inicial era mais ambicioso. Nasoni não queria construir uma torre, mas duas! Queria-se uma torre de cada lado da igreja, como podemos ver em tantas igrejas. Por falta de dinheiro, esta segunda torre nunca foi construída. O ouro do Brasil começava a faltar, o terramoto de 1755 foi terrível para as Finanças nacionais, não era a melhor altura para grandes despesas.

Só se construiu afinal uma torre, encostada à Casa da Irmandade.

Praça de Lisboa
Perto da Torre, um centro comercial. No telhado deste centro, um jardim. Foi uma forma muito eficaz de aliar a modernidade com um centro histórico, património da humanidade. A antiga Praça de Lisboa foi assim renovada da melhor das maneiras !
carrilhão dos clérigos
O carrilhão dos clérigos. Este conjunto de sinos foi inaugurado em 1995.
Do alto da Torre, podemos observar os telhados da Irmandade e da Igreja...
Do alto da Torre, podemos observar os telhados da Irmandade e da Igreja…
vista panorâmica da Torre dos Clérigos
Não tenho dúvidas: a Torre dos Clérigos têm uma vista panorâmica e deslumbrante do Porto e Vila Nova de Gaia!

A torre, com a sua situação dominante sobre a cidade, que, não esquecemos, é um importante porto marítimo e fluvial, serviu durante muito tempo de farol aos marinheiros. Foi classificada como monumento nacional em 1910. Por todas essas razões, é impossível ir ao Porto sem visitar este monumento de todos nós!


Conversa

Ler também