A Redinha, longe dos roteiros turisticos classicos, vale a pena o desvio, de parar por lá um pouco, olhar para a ponte românica e de beber um copo nos Olhos d’Agua. Nada melhor para aqueles que queiram conhecer o Portugal rural, o Portugal antigo.
Portugal é um país cheio de riquezas, que não se pode resumir às suas duas principais cidades, Lisboa e Porto, ou, para aqueles que gostam de praia, ao Algarve.
Não, Portugal é muito mais do que isto, é também é um país com paisagens fantasticas do campo, cheias de história, prontas a acolher as pessoas que gostam da natureza e a autenticidade de regiões ainda intactas, longe du turismo massivo que se pode observar no litoral. A aldeia da Redinha é um destes sítios extraordinários, pela sua natureza, pelos seus monumentos, mas também pela sua história, que está para sempre ligada à França.
Redinha
A Redinha fica à pouca distância da cidade de Pombal, à igual distância do Porto e de Lisboa. A freguesia é atravessada pelo rio Anços, um afluente do rio Arunca, ele mesmo afluente do Mondego. O rio Anços é uma pequena ribeira de água clara, cuja nascente fica bastante perto da Redinha, no lugar dos “Olhos d’Agua”.
Se quiser descansar um pouco, a nascente do Anços é sem duvida o lugar que precisa. Tudo foi renovado e pensado para que se possa lá passar um momento agradável, com aquela grande esplanada junto ao rio, onde se pode beber um refresco ou nadar na água do Anços.
A aldeia é muita antiga, e nota-se : é habitada desde o periodo romano ! Será preciso dizer que a sua situação é ideal, entre as colinas e o rio de água pura, com terrenos óptimos para a agricultura. Como é que se pode não querer lá morar?
Só olhando para as fotos da Redinha, imagina-se um pouco da qualidade de vida… e agora se fosse o ano todo? Claro que não é sempre assim tão bonito, o inverno também é triste como em qualquer parte da Europa. Mas a natureza, a história e as facilidades da vida moderna por perto, a mim, fazem-me sonhar.
Passeando pela Redinha, imagina-se bem a antiga riqueza da cidade. Basta reparar nas numerosas igrejas e capelas para uma aldeia tão pequena, ou a sua antiga ponte românica, que se calhar está aqui desde antes da fundação de Portugal em 1143. Ou talvez depois? Ninguém sabe ao certo a idade do mais conhecido monumento da Redinha!
A freguesia entrou na história de Portugal em 1159, quando o mestre da ordem dos Templários, Dom Gualdim Pais, deu foral à Redinha. O foral concedia assim privilégios e deveres, como objectivo principal o de favorecer o crescimento da população cristã na região. Redinha é assim uma localidade histórica de Portugal, que foi durante muitos séculos sede de concelho.
Podemos ver ainda hoje alguns elementos desta antiga prosperidade, olhando para a sede de freguesia actual, as antigas ruas calcetadas e, claro está, as igrejas.
Eu disse-vos que a Redinha tinha a sua história ligada para sempre aos franceses. Em 1807, Napoleão, em guerra com as antigas monarquias europeias, decide “acabar” com Portugal, o mais antigo aliado do grande inimigo francês, O Reino Unido. Nos planos de Napoleão, Portugal iria ser cortado em três partes diferentes, cada uma administrada por alguém diferente.
Percebe-se fácilmente que Portugal nunca poderia ter aceite! Esta guerra vai durar anos, e será sem duvida ainda contada negativamente em todos os livros de história portugueses durante muitos séculos ainda. O país ficou devastado por esta guerra. Da mais pequena aldeia à grande cidade, não existem muitos sitios que se podem orgulhar de não terem tidos consequências negativas : basta lembrar-nos do que aconteceu ao Castelo de Leiria…
Foi neste contexto de guerra que intervêm a Batalha da Redinha. Os franceses, decepcionados pela impossibilidade de submeter Portugal, regressam para França. Muitas batalhas serão travadas, uma das quais a da Redinha. Redinha era na altura um lugar estratégico, conhecido pela sua ponte, permintindo aos exercitos de atravessar o rio Anços sem se molhar.
Foi aqui que as tropas aliadas anglo-portuguesas travaram a batalha, visando a atrasar o mais possivel o exercito francês. Para desencorajar os franceses, os aliados praticaram a técnica da “terra queimada”, não deixando nada aos invasores, na esperança dos esfomear. Aposta conseguida, muitos franceses vão desertar ou simplesmente morrer.
A Redinha é hoje uma pequena aldeia de 2000 habitantes, que valoriza o seu patrimonio e a sua história. Foi neste contexto que uma recriação histórica teve lugar, a 12 de março de 2011, para as comemorações dos 200 anos da Batalha da Redinha. Podemos ver hoje os azulejos comemorativos ao pé da velha ponte, nos lembrando que neste lugar, houve uma batalha.
Um pouco por todo lado em Portugal existem comemorações deste tipo, celebrando a desfeita das tropas napoleonicas, muito graças à ajuda dos ingleses, há que se dizê-lo. Mas ao mesmo tempo, se Portugal não fosse aliado dos britânicos, Napoleão nunca teria cá vindo… Portugal nunca mais consegui erguer-se de novo de tal destruição, o país conheceu o mais grave periodo de crise económico da sua história desde há seculos.
A Redinha foi uma das principais vitimas, nunca mais recobrando o seu antigo esplendor, perdendo até mesmo o seu estatuto de concelho em 1842, ficando desde então integrada no municipio de Pombal.
Em 1895, as autoridades ligaram a Redinha ao concelho de Soure. Foi um erro, as pessoas da Redinha preferiam ficar ligadas a Pombal. Foi só em 1998 que a redinha voltará como freguesia do concelho de Pombal, pela vontade do povo da Redinha, mesmo Soure ficando mais perto…
Hoje, a Redinha é uma aldeia prospera, como toda a região de Pombal, devido ao trabalho dos seus moradores e daqueles que foram buscar fortuna no estrangeiro.