Quando falamos do Porto, pensa-se logo nas margens do Douro, pensa-se no centro histórico classificado património da humanidade, ao vinho, às francesinhas… raramente pensa-se no Porto virado para o Atlântico, aquele onde a alta sociedade da cidade vive, à procura da tranquilidade.
Aqui, as casas da burguesia estão à beira de um lindo passeio, as palmeiras tratam por “tu” o Oceano, e o sol dá-se em espectáculo ao cair da noite todos os dias aos portuenses. A Foz, já que é de ela que se trata, apesar de não ser um centro histórico, possui uma qualidade de vida para os seus moradores fora de normas, que vos convido a descobrir.
Para o Porto e as suas gentes, quando fala-se em Foz, fala-se na verdade de duas freguesias à beira mar: Foz do Douro e Nevogilde. A parte onde fica mesmo a saída do Douro é muito conhecido pelo nome de Foz Velha. Estas freguesias, relativamente calmas apesar das grandes vias como a Avenida de Dom Carlos I ou a Avenida do Brasil, conseguiram outrora chamar a si a classe alta do Porto, com o seu relativo afastamento da agitação do centro da cidade e a beleza do Oceano Atlântico.
Por isso se vê as bonitas casas burguesas ao longo da beira mar. Mas a Foz não pertence só à uma certa elite : todas as classes sociais estão presentes, onde todos procuram as praias da cidade.
Praias do Porto
A dizer bem a verdade, não são as praias do Porto que vão deixar-me uma lembrança inesquecível, elas não estão à altura do que se pode encontrar um pouco por toda a parte noutros sitios de Portugal.
As praias do Homem do Leme ou da Foz têm a Bandeira Azul, marca distintiva de qualidade, mas a cidade do Porto precisa de esforçar-se muito para manter essa honra. Não é fácil conservar o nível de excelência necessário para se ver distinguido com este galardão numa cidade altamente industrial e povoada. Mas, é preciso dizê-lo, é sempre bom sinal.
As paisagens são fantásticas, e sempre é muito pratico ter as praias ao alcance dos transportes públicos, mesmo se a areia e a agua não estão totalmente à altura das grandes praias de outras cidades bem próximas!
Na Praia do Molhe, talvez a mais conhecida das praias da cidade, pode-se passear debaixo de uma grande pérgola, a Pérgola da Foz, que foi construída nos anos 1930. A Praia dos Ingleses, como o nome indica, era principalmente frequentada por cidadãos britânicos, no século XIX. São a eles que devemos a moda dos passeios à beira mar no Verão. O Porto sempre foi uma cidade muito frequentada por ingleses, que vinham por cá fazer negócio.
Monumentos da Foz do Douro
Vêm-se aqui para beber um copo e sentir o ar marinho, vêm-se aqui para fazer uma pequena corrida ao longo do passeio, inteiramente iluminada com magníficos candeeiros. É um prazer vir aqui descansar, à sombra de uma grande palmeira, com único horizonte o Oceano, na segunda maior cidade de Portugal!
Para acrescentar ao prazer de vir à Foz, o Jardim do Passeio Alegre foi construído, e foi lá colocado o enorme Chafariz do Passeio Alegre, obra de Nicolau Nasoni. Nasoni é bem conhecido dos portuenses. Por entre as suas numerosas realizações, encontra-se o mais conhecido dos monumentos do Porto: a Torre dos Clérigos.
Encontra-se também na Foz um dos mais antigos faróis portugueses, o Farol de São Miguel-o-Anjo, que data de 1527. Ele encontra-se junto ao Marégrafo, e está colado à Torre do Telegrafo.
Do outro lado do Passeio Alegre encontra-se o Forte de São João Baptista da Foz. Este forte, edificado nos anos 1570, foi muito remodelado durante a Guerra da Restauração. Estes monumentos são pontos de referência maiores para os portuenses, a par com talvez o farol mais fotografado de Portugal, frente ao forte: o farolim de Felgueiras.
Do outro lado, no fim da Foz, na praça Gonçalves Zarco e no final da Avenida da Boavista, encontra-se o Castelo do Queijo, alcunha dada segunda reza a lenda devido à forma do rochedo onde foi construído o castelo.
Entre esses dois fortes, as casas burguesas do século XIX olham para o mar. Por aqui, as gaivotas fazem companhia às pessoas que jogam às cartas, ao jovens que vieram aproveitar um pôr do sol numa esplanada de um bar, e aos turistas, que vieram fotografar qualquer coisa 🙂