Todos os 4 anos, no início do mês de julho, uma festa diferente começa em Tomar. A “Festa dos Tabuleiros” é uma viagem única na alma e tradição portuguesas.
As origens desta festa perdem-se nas memórias do passado. Oficialmente, é uma festa que remonta ao rei Dom Dinis, no século XIV. As origens são talvez a procurar ainda mais longe, como é hábito com o que revela do lendário, remontando aos tempos de um país ainda “pagão” …
Seria uma festa dedicada à fertilidade e às colheitas. As flores de papel que embelezam as ruas do centro histórico seriam um dos símbolos deste passado ainda visível nos nossos dias. E que símbolo! Hoje, a festa é oficialmente dedicada ao Espírito Santo.
Tendo lugar durante vários dias, a festa possui vários eventos de ritos imemoriais. O culminar da festa, o “Cortejo dos Tabuleiros”, é um acontecimento sem paralelo em Portugal.
Ruas com flores de papel
Os moradores da cidade competem entre si por ocasião da festa. Quem conseguirá obter o título da “mais bela rua” da festa? Tesouros de imaginação são desenvolvidos, para alegria dos nossos olhos. Mesmo com uma multidão de turistas (mais de 600 000 em 2019!), a cidade permanece humana e as ruas floridas acessíveis.
Outras cidades um pouco por todo o país retomaram esta tradição, com “tapetes” de flores, grinaldas ou paredes embelezadas.
Os Cortejos
Enquanto se espera pelo Grande Cortejo dos Tabuleiros final do domingo, três cortejos o precedem. O primeiro, o “Cortejo dos Rapazes”, é um Grande Cortejo em miniatura reservado às crianças, no domingo antes do Cortejo dos Tabuleiros. Uma espécie de preparação, esperando a sua vez de desfilar quando forem adultos.
O Cortejo do Mordomo tem lugar na sexta-feira, o Cortejo dos Jogos Populares no dia seguinte, cada um com as suas tradições especificas.
O Cortejo dos Tabuleiros
Se tivéssemos que escolher um só dia para visitar Tomar durante a Festa dos Tabuleiros, seria para ver o Grande Cortejo. Aí, o piscar de olhos às tradições pagãs é mais do que evidente. Cada tabuleiro é uma oferta à deusa Ceres, a deusa das colheitas e da agricultura.
O tabuleiro é tão alto do que a mulher que o vai levar. Apresenta pão, misturado com flores e espigas de trigo. Pesado (20 kg), não é fácil desfilar na cidade durante várias horas com um tabuleiro em cima da cabeça!
Cada mulher é acompanhada por um assistente, encarregado de a ajudar em caso de problema. Se a mulher não conseguir mais, o homem pode levar o tabuleiro enquanto a mulher descansa um pouco. Cuidado, o homem deve carregar o tabuleiro não na cabeça, mas no ombro.
Animações e concertos
A festa é o momento para a cidade de oferecer aos seus moradores e visitantes uma série de concertos e animações de rua. A festa também é para diversão, conservando os simbolismos do passado. Os bois que vemos desfilar no fim do cortejo eram outrora abatidos e a sua carne distribuída pela população. Hoje já não se mata os animais, os talhos da cidade encarregando-se de distribuir carne aos mais desfavorecidos.