Quando se chega a Leiria, cidade do centro de Portugal, a primeira coisa que se vê, é o seu castelo, no alto da mais alta colina da cidade. O castelo domina toda a região, e deixa imaginar uma vista fantástica a partir das suas galerias, tão características.
Neste artigo, proponho-vos descobrir o principal monumento da Cidade do Lis, e, como é de costume, com muitas fotografias!
É um castelo dos mais clássicos na sua concepção, mas com a particularidade de possuir estas “janelas” nas suas muralhas: não é habitual ver tais aberturas num castelo medieval, que poderiam ser tomadas pelas suas fraquezas.
Mas não é fraqueza nenhuma, já que o castelo é praticamente impossível de se atacar por este lado, a colina tendo um declive demasiadamente grande.
Um castelo de D. Afonso Henriques
O castelo, fundado pelo primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, foi palco de varias batalhas entre mouros e cristãos. De 1130, ano da sua instituição, até à criação do Reino de Portugal, a cidade de Leiria e o seu Castelo mudaram varias vezes de chefes. Estava na altura numa zona fronteiriça entre o novo reino cristão e os muçulmanos Almóadas.
Existem provas arqueológicas descobertas em 2020 para a existência de construções defensivas anteriores à Afonso Henriques, algumas datando de ainda antes do Império Romano.
Os Almóadas aproveitavam-se muitas vezes da ausência de Dom Afonso Henriques, que ia fazer a guerra na Galiza, para atacarem. Paio Guterres, que estava encarregado de Leiria, faz-lhes uma resistência incrível e heróica, mas não consegue impedir a captura do castelo. Só em 1142 e o regresso do rei português a cidade fica definitivamente portuguesa e cristã.
Capela do castelo
Com a sua conquista definitiva, o castelo foi então reforçado e enriquecido com uma capela, a “Nossa Senhora da Pena”.
Palácio real
A partir desse instante, a cidade vai crescer de maneira exponencial. Em 1254, as Cortes de Leiria, que reúnem a nobreza, o clero e o povo, é o sinal da nova importância de Leiria. Em Julho de 1300, o rei Dom Dinis vai dar o castelo, e por conseguinte a cidade, à sua rainha, Santa Isabel. Foi nesse momento que o castelo foi transformado numa moradia digna de um palácio, para a rainha e o príncipe herdeiro do reino. A torre de menagem só ficará concluída em 1324.
Portugal estando agora em paz, o castelo perdeu a sua primeira função, e ficará progressivamente em ruínas. O terramoto de 1755 teve as suas consequências, mas o golpe de misericórdia foi dado aquando das invasões francesas dos generais de Napoleão, que provocaram imensos danos a Leiria e ao seu castelo. A cidade estava em declínio.
Restauro do castelo
Por finais do século XIX, um arquitecto suíço, Ernesto Korrodi, naturalizado português, fez o projecto, com a sua “liga dos amigos do castelo”, de restaurar o Castelo de Leiria. Em 1910, o monumento foi classificado património histórico de Portugal.
Quando em 1915 o estado decide de começar o restauro do castelo, não foi Ernesto Korrodi o escolhido para se encarregar das obras, e a empreitada ficou paralisada o ano seguinte, ano em que Portugal entrou na primeira guerra mundial.
Korrodi começa finalmente o “restauro” do castelo em 1921, quando um desabamento parcial das paredes provoca a urgência do “restauro”. Insisto nas aspas, porque o restauro foi feito com a visão romântica da época do que deveria ser um castelo medieval, sem verdadeiros fundamentos históricos ou arqueológicos. Este trabalho de restauro continuou por muitos anos, até mesmo depois do fim da direcção das obras por parte de Ernesto Korrodi, em 1934.
O meu conselho é claro de ir visitar este belo castelo, não só devido ao edifico, mas também pela vista fenomenal que se pode ter da cidade, do campo e do pinhal de Leiria!